Texto Bíblico: Marcos 1.14,15; Mateus
5.3-12; Romanos 14.17
Introdução
I. A natureza
do Reino de Deus
II. A Nova
vida dos que fazem parte do Reino de Deus
III. O que o Reino de Deus significa
A MENSAGEM
DO REINO DE DEUS
A porta de entrada para o Reino de Deus é o
arrependimento do pecador e sua fé no salvador, segundo a mensagem proclamada
pelo evangelho. [...] Este foi o principal ponto de conflito entre Jesus e os
representantes da lei, pois a expectativa destes era fundamentada no legalismo
oriundo de interpretações exacerbadas e equivocadas do Pentateuco, que nem eles mesmos podiam
cumprir. O Mestre os condenou de forma dura e radical: “Mas ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus; e nem entrais,
nem deixais entrar os que estão entrando” [Mt 23.13]. É interessante a forma
como Jesus empregou a linguagem. Tem-se a impressão que aqueles que já estavam
passando pela porta eram forçados a recuar pela dureza do discurso farisaico.
Faz-me lembrar o triste papel de uma fatídica comissão, criada alhures, para
fiscalizar o comportamento dos crentes daquela igreja na área dos costumes. O
propósito talvez fosse o mais elevado, mas a prática se mostrou equivocada.
Enquanto o culto transcorria normalmente, os membros da igreja ficavam na
secretaria, procedendo ao interrogatório das ovelhas indefesas, obrigadas a se
explicarem pelo tipo de cinto que estavam usando ou por que as mangas dos
vestidos não cobriam até o pulso. Houve até um deles que insinuou medir a saia
da moça para ver se estava no tamanho adequado. Algum tempo depois soube, com
tristeza, que um dos “ficalizadores” acabou sofrendo disciplina por adultério!
Aquela “santa” rigidez era apenas um biombo para esconder a sua fraqueza. É o
que Jesus disse: não entram e não querem deixar os outros entrar. Tornam a
porta mais estreita do que já é. A Igreja nada precisa acrescentar à
proclamação messiânica. O arrependimento e a fé - atitudes que cabem ao homem -
aliados à graça salvadora de Deus sustentam a mensagem que abre a porta do
Reino de Deus à humanidade. A partir daí a caminhada terá outro sentido - de
vitória e santidade - por causa do coração transformado, e não em virtude de
qualquer forma de legalismo. Anthony A. Hoekema assim descreveu a importância
desta mensagem:
Os milagres de cura não foram o maior dom que
Jesus concedeu. Muito mais importante foi a salvação que Ele trouxe àqueles que
creram – uma salvação mediata, ou seja, através da pregação do Evangelho.
Quando Jesus disse aos setenta: “Não obstante, alegrai-vos, não porque os
espíritos se vos submetem e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos
céus” (Lc 10.20), Ele estava restaurando o senso de prioridade deles. É
significativo, portanto, que na resposta de Jesus a João Batista, o sinal
último e culminante, que mostra que Cristo verdadeiramente é o Messias, e que o
Reino verdadeiramente veio, é este: “aos pobres está sendo pregado o evangelho”
(Mt 11.5) [Antony A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro (Cultura Cristã), pp.86-32].
Há, todavia, um conteúdo ético na mensagem do Reino de
Deus, que foi praticamente o tema desenvolvido todos os capítulos anteriores.
Apenas para recapitular, a diferença entre Cristo e os fariseus é que, enquanto
estes impunham a ética como resultado da obediência à lei, o Senhor a reconhece
como provindo de sua própria pessoa “e do Reino de Deus, que irrompeu na
história por seu intermédio”. Assim, analisada à luz do texto, a ética absoluta
do Sermão do Monte implica o tipo de vida que o Senhor deseja para os súditos
do Reino. Tivesse caráter legalista, ninguém seria capaz de cumpri-la
integralmente na era presente, pois estaria contrariando o ensino bíblico sobre
a imperfeição do crente e a advertência de que este pode vir a pecar, ainda que
a Palavra de Deus ordene o contrário. No entanto, o ideal de todo crente que
adentrou a esfera presente do Reino de Deus através da Igreja, onde submete sua
vida permanentemente ao poder do Espírito Santo, é caminhar em busca da
perfeição, como fazia o apóstolo Paulo. A igreja, portanto, expressa a
realidade presente do Reino de Deus em sua trajetória e aponta para as
dimensões da era vindoura, onde será experimentado em toda a sua glória e
esplendor.
Texto extraído da obra “Transparência da Vida Cristã”, editada pela CPAD.
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